A Design Foundation for Women and Crafts está a criar uma nova “comunidade para as comunidades”, reunindo um grupo internacional de stakeholders, individuais e colectivos, privados e públicos, que partilham um forte sentido de responsabilidade social e reconhecem o valor da cultura como um dos pilares fundamentais da sociedade.
Com o objectivo de proteger mulheres artesãs em todo o mundo, garantindo que estas — e as suas comunidades — são as verdadeiras beneficiárias das actividades da DFFWAC, estamos a consolidar a nossa intervenção junto das mesmas, e junto da sociedade como um todo, ao iniciar um processo inovador e de profunda acção que visa garantir a sustentabilidade e sobrevivência destes núcleos criativos.
Embora a DFFWAC esteja em preparação desde o final de 2016 e estivesse pronta a ser apresentada ao público em Março de 2020, a pandemia de Covid-19 veio, por um lado, atrasar esse lançamento; mas, por outro, sublinhar a enorme relevância desta acção tendo em conta as fragilidades do século XXI – que foram enfatizadas pela situação actual.
Sabemos que esta situação se tem provado devastadora para alguns dos negócios mais estabilizados e lucrativos, pelo que não é difícil imaginar o impacto económico e social que tem tido sobre as comunidades de artesãs. Muitas delas geograficamente isoladas, são fortemente dependentes de relações comerciais pontuais, da indústria do turismo, assim como de feiras locais e internacionais. Todas estas realidades foram suspensas durante este surto, sendo que, de momento, não é possível prever quando serão retomadas.
O mundo digital, que saiu reforçado devido ao distanciamento físico recomendado, e que para alguns criadores do território cultural se tornou no único meio para venda de produtos, raramente representa uma via para a maioria das artesãs em comunidades isoladas, cujo acesso a ferramentas digitais é reduzido – quando não inexistente.
De facto, durante os últimos meses uma grande parte dos artesãos e artesãs permaneceu invisível e, consequentemente, ignorada. A sua grande maioria está fora da rede de protecção que provém de salários fixos ou de apoios da segurança social. Estas comunidades enfrentam, mais do que nunca, o risco de desaparecimento.
A somar a estes factos, sabemos que uma enorme percentagem dos artesãos e artesãs integra o principal grupo de risco, os idosos, sendo imperativo que acções que visam a sua protecção e sustentabilidade sejam implementadas agora, reduzindo os danos já provocados.
O artesanato não é um bem essencial – pelo contrário. Se não for feito um esforço neste momento de retoma, ele não constará na lista das nossas prioridades para o futuro. A construção daquilo a que chamamos já o “Novo Normal”, e que passa pela revisão crítica de muitos dos métodos de consumo e de produção numa óptica social e ambientalmente sustentável, constitui uma oportunidade única – a nosso ver, uma obrigação – para rever a relação que temos com o artesanato e para o integrar na rede de produção e consumo do século XXI.
Num momento em que novas formas de nos organizarmos, de viver em sociedade e de nos responsabilizamos relativamente ao planeta em que vivemos se tornaram imperativas, a Design Foundation For Women and Crafts constitui um exemplo de como deveremos agir colectivamente.
Será também uma possibilidade para si, individualmente, de aceder a um universo quase esquecido e que tem tanto para nos ensinar sobre o passado, o presente e o futuro.
Contamos consigo.