No decurso da História, a produção de trabalhos manuais de alta qualidade rapidamente evoluiu no sentido de incorporar o profundo envolvimento de mulheres, o que resultou na criação de clusters de produção artesanal exclusivamente feminina em todo o mundo.
A prática de artesanato no feminino é frequentemente um catalisador de coesão social e territorial. As artesãs desempenham um papel central nesta área, enquanto pilares da comunidade e da estrutura familiar, contribuindo activamente para a sua organização social e sobrevivência. A sua abordagem única — como trabalhadoras hábeis com conhecimentos excepcionais, na sua maioria baseadas em casa e nas suas comunidades — coloca-as numa posição de excepção para promover um desenvolvimento estrutural coeso e produzir sistemas de adaptabilidade às mudanças que assistimos.
Tendo em consideração o recente aumento de fluxos migratórios e o consequente confronto de diferentes culturas, as comunidades de artesãs podem desempenhar um papel importante no enraizamento de novas formas de integração. A partilha e desenvolvimento de diferentes práticas artesanais, transportadas a partir de diversos pontos de origem, podem representar focos de união entre comunidades, promovendo um diálogo intercultural saudável e contribuindo para a integração social e económica.
A prática artesanal desenvolvida por mulheres, que gera impacto a nível social e de desenvolvimento económico local, representa uma estratégia promissora no quadro do combate à desertificação e às desigualdades regionais, estabelecendo um contraponto essencial ao aumento exponencial dos centros urbanos.
No contexto das narrativas actuais sobre a igualdade de género, o papel das mulheres enquanto criadoras activas no universo do artesanato tem-se tornado equivalente ao dos homens. O facto é que o nosso conhecimento e compreensão da verdadeira natureza e espectro destas comunidades ainda são limitados e carecem de mais investigação, sendo urgente que estas estratégias sejam imediatamente implementadas.