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Entrevista a Maria José Garcia da Silva — Pintora de Móveis Alentejanos

O Redondo é uma pequena mas importante vila no centro Alentejo, onde perdura a típica arte Alentejana de pintura de móveis em madeira, marcada pelos seus desenhos florais.

— Ser Pintora de móveis é a sua principal actividade? Como é que consegue manter-se nos dias de hoje?

É, e não é. Hoje tenho duas lojas, uma de artesanato e outra que não tem nada a ver. Dificilmente viveria só do artesanato. Agora até que há mais procura por haver mais turismo local, mas são épocas. Isto é um hobby, para toda a gente, já ninguém se dedica só a isto.

A pandemia de Covid-19 veio agravar [a situação], mas o turismo local ainda tem estado cheio, que é a nossa sorte, e encomendam-me algumas peças. Mas estamos sem as feiras, por exemplo. A feira de Grândola é óptima, mas este ano não vai haver.

— Sobre esta técnica

A decoração normalmente é apenas de motivos florais. Isto são desenhos geométricos. Começamos, com o dedo, a desenhar o centro da flor, e o nosso imaginário leva-nos para o resto.

— Qual é a história, quando começaram estas pinturas?

Só sei que o meu mestre se fosse vivo teria mais de 100 anos!

Eu comecei a pintar porque abriram cursos aqui no Redondo quando tinha 18 anos e quis continuar.

— Sabe quantificar quantas pintoras atualmente se dedicam a esta técnica?

No Redondo, temos 4 pintoras de mobiliário alentejano neste momento... Não conheço mais ninguém. Quando nós terminarmos acabou. Eu sou a mais nova e tenho 56 anos.

No resto do Alentejo já não tenho conhecimento, mas em Évora, que era o grande centro desta técnica, já não há quem faça.

— Quem é que vai continuar este legado?

Ninguém quer aprender! Há pessoas a tirarem cursos para ganharem dinheiro e depois dedicam-se a outras coisas.

A base dá muito trabalho, e ninguém está para se chatear.

[Mas] os estrangeiros procuram e gostam. Acabei de vender há muito pouco tempo para a loja do Jacques Grange1 na Comporta.

— O que pode ser feito, então, para combater isso?

Não faço a mínima ideia. Os cursos que eu dei e que tinha esperanças que continuassem não serviram para nada. São cursos do IEFP (Instituto do Emprego e Formação Profissional) para desempregados em que eles recebem o ordenado mínimo. Andam a saltitar de curso para curso e a maior parte das vezes não dão continuidade.

[1] Jacques Grange (n. 1944) é um designer de interiores francês mundialmente reconhecido. Realizou projectos para Yves Saint Laurent e Pierre Bergé, assim como Isabelle Adjani, Princesa Carolina do Mónaco, François Pinault, Valentino e Karl Lagerfeld.

Entrevista a Maria José Garcia da Silva
— Pintora de Móveis Alentejanos

Junho de 2020


Contacto:

Maria José Garcia da Silva (Zézinha)
+351 914 280 916

Email: zezinhaartesanato@gmail.com
Website: artesanatozezinha.business.site
Facebook: artesanatozezinha

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